Dias sem pornografia


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Qual a postura dos que conseguem fazer o reboot?

Acredito que cada um segue um trilho para conseguir a abstinência de PMO e se livrar da compulsão e dos sintomas do vício. Uns fazem reboot em hard mode (sem P, nem M, nem O), outros no que chamo de reboot normal (sem P e M, mas com O, através de sexo), outros mesclam um período inicial em hard mode com uma passagem a um reboot com sexo logo em seguida - estratégia pela qual sou bastante simpático nos últimos tempos.

Cada um encontra um modo próprio de fazer o reboot. Mas há uma postura que, na minha opinião, é uma constante entre aqueles que conseguem se libertar de PMO: a capacidade de abdicar.

Você está disposto a deletar seu facebook? A excluir ou até mesmo bloquear contatos no whatsapp que te enviam pornografia ou conduzem a conversas eróticas? Está disposto a se afastar de pessoas que te fazem fantasiar e recair? A apagar o Tinder?

O reboot tem um custo. Estamos dispostos a pagar por ele?

É uma lógica de investimento: você se desfaz de algo hoje para ganhar muito mais no futuro. Renuncia aos prazeres danosos que conversas virtuais lhe trariam para colher futuramente prazeres reais, com pessoas reais, e uma vida livre da compulsão do vício.

Ao abdicar, sacrificar algo para eliminar uma fonte de recaída, você está dando um atestado de compromisso com sua liberdade. E digo mais: quanto mais o reboot está capenga, mais se deve abdicar. Porque o reboot só está capenga porque você não abdicou o suficiente, porque ainda há brechas.

Na minha opinião, a lógica de abdicar tem de ser algo certo para o rebooter, uma regra de ouro, onde toda brecha de recaída terá de ser eliminada, sacrificada.

Então, você muitas vezes calculará que não vale a pena nem sonhar em testar se há uma brecha para se ver pornografia, por exemplo, em um tablet onde há bloqueadores os quais você não tem garantia de que são eficientes. Porque você já saberá de antemão que se for bem sucedido em burlar os bloqueadores - e não houver nenhum outro modo de bloquear esse dispositivo - você terá de se livrar dele.

É esse custo enorme (já pensou ter de se livrar de um tablet porque ele se tornou uma brecha de recaídas para você?) que vai lhe desestimular a tentar ficar burlando seus esquemas de segurança. Porque se você conseguir, já haverá a certeza: vou ter de sacrificar ainda mais. Pode acreditar, uma parte de você - aquela que gosta muito desse tablet - certamente fará oposição àquela parte da sua mente que quer tentar uma malandragem ali e burlar o bloqueador desse dispositivo.

Tudo que te faz recair deve ser eliminado da sua vida. Não dá para fazer reboot e ser feliz no facebook por exemplo. Não dá para fazer reboot e manter contato com pessoas que nos fazem fantasiar. Não dá para fazer reboot tendo um computador com bloqueadores e eventualmente não passar o perrengue de ter um site não-pornográfico bloqueado.

O reboot tem um custo? Estamos dispostos a pagar?

Se você quer enterrar aquela velha vida de viciado, vai ter de enterrar junto as coisas e contatos prazerosos que compõem essa vida de viciado.

Haverá um momento em que você já abdicou de tantas fontes de recaídas, coisas e pessoas, que não recai mais. Então, comece já a identificar: "O que ou quem me faz ou pode me fazer recair?". Identificar e eliminar isso da sua vida. Ou então continuar chorando nos fóruns, como se só você fosse viciado, como se só para você fosse difícil.

A recaídas, todos estamos sujeitos. Mas tem uma galera que chora muito, inventa desculpas ("bloqueadores não servem para mim, sou especial"), não quer abdicar, e por isso não consegue o reboot. A postura é: identificar as fontes de recaída, abdicar mais e reclamar menos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Recaídas: Devo resetar o contador?

Aqui vai uma concepção pessoal minha acerca de recaídas e resets de contador.

Para mim, observando minha jornada e a de muitos rebooters, cheguei à seguinte conclusão sobre dúvidas a respeito de possíveis recaídas ou sobre zerar contadores: não importa o que você fez. Importa o que você vai fazer daqui pra frente.

Você pode ter praticado M, por exemplo. Recaiu? Depende.
A recaída, na minha opinião, se caracteriza pela volta ao "estado do vício". E o que seria esse estado do vício? A compulsão, aquelas repetições de comportamento que te controlam, que ciclicamente vão te afundando e você não consegue sair desse ciclo vicioso, onde você sempre retorna ao dia 0. O levanta e cai que se repete. Recair portanto (na minha opinião de mero rebooter) é visitar esse fundo do poço e lá permanecer.

Portanto, supondo que você praticou M mas nos dias e semanas seguintes baniu isso novamente da sua vida. Você recaiu? Voltou à estaca zero? Claro que não. É evidente que você, enquanto viciado, vai pagar o custo (alto) desse deslize (piora imediata da ereção, da concentração, fantasias pesadas, retorno da compulsão, ejaculação precoce, etc - não vale a pena "deslizar"). Mas em se mantendo limpo da data do deslize em diante, logo você retorna à condição plena, em menos de 90 dias, o que prova que não precisaria ter zerado o contador.

Agora, se você praticou M hoje, depois pratica de novo daqui uma semana, depois de novo na outra semana e de novo na outra semana... ora, se você não recaiu já está recaindo! Porque o retorno à condição do vício é justamente essa repetição de ciclos, onde se fica alguns dias limpo e logo em seguida se cai. Ciclos cada vez mais curtos, até você praticar PMO todos os dias

Então, o que vai determinar - na minha opinião - se você recaiu ou não após um deslize é se você vai se manter limpo daqui pra frente. Porque a recaída verdadeira é aquela onde você fica ciclando dias limpos com repetitivas quedas logo nas primeiras semanas. Está sempre voltando ao dia 0. É a compulsão. Se você perdeu para a compulsão, você recaiu. Caso contrário, foi só um deslize e você seguiu em frente e manteve-se limpo, livrou-se novamente dos sintomas.

Eu penso que os deslizes podem ser divididos em graves (M - edging), muito graves (MO ou P), gravíssimos (PMO). Qual o critério que uso para essa classificação pessoal? A liberação de dopamina. Penso que a pessoa que praticou MO, como jogou uma bomba dopaminérgica no cérebro (orgasmo), re-fortaleceu mais a rede neural do vício que alguém que praticou M, e menos que alguém que praticou PMO.

Acredito que quanto mais se avança nessa escala de gravidade, mais difícil é retornar à condição de abstinência, embora todos deslizes sejam perigosíssimos e todos eles vão tentar colocar todo seu esforço de reboot por água abaixo. Por isso não se engane achando que você vai poder ficar deslizando e que "depois é tranquilo, só eu parar". Viciado é viciado. Em um deslize o vício nos escraviza novamente.

Aliás, minha recaída após o primeiro reboot se deu assim: começou com M, sobre a qual eu achava ter controle. Depois MO e depois PMO - o fundo do poço. Não vou dizer que eu fui forte o suficiente para neste segundo reboot que está em mais de 300 dias não ter deslizado algumas vezes. Ocorreu mas percebi que em vez de fazer um drama enorme, querer zerar contador e atitudes que mais prejudicam psicologicamente, era possível administrar a situação, reconhecendo sim meu vacilo (até porque a debilitação do corpo e mente é imediata, você cai da plena potência da abstinência pra uma condição com sintomas que são os mesmos do estado do vício, tudo isso com uma "mera masturbaçãozinha" sem O) e voltar ao meu estado de abstinência (que, com o tempo, se torna o seu normal. Com o tempo o mais natural para você é não se masturbar nem querer pornografia: é algo muito bom). Mantendo-se limpo,

E isso foi um aprendizado. A ideia de que manter-se limpo é um trabalho de administração. E que se eu voltasse àquilo que foi minha vida durante meses - a abstinência de P e M - eu não cairia refém da compulsão e portanto configuraria que eu não recaí, mas apenas cometi um grave deslize. Em se mantendo limpo, logo os sintomas vão embora novamente e você retorna à plena potência vital que o reboot proporciona.

Vale destacar que pensei isso tudo baseando-se na minha experiência de ter deslizado com M (edging). Detalhe: M sem O. Eu não sei se eu conseguiria "voltar ao trilhos", como consegui, se tivesse deslizado em MO. E quanto a PMO, sinceramente eu acho que é quase impossível que esse deslize não se converta em uma recaída. Por isso, trate de instalar bloqueador no seu computador, para você evitar ter as quedas com P, que são sempre mais graves.

Enfim. Espero que minha concepção pessoal sobre como encarar isso tudo ajude vocês: não importa o que você fez, importa o que você fará daqui pra frente. Se daqui pra frente você ficou limpo, significa que não retornou à compulsão do estado de vício e, portanto, obviamente não recaiu.


domingo, 11 de outubro de 2015

Configurando o bloqueador Procon Latte (Firefox)

Antes de tudo, um aviso: se você encontrar alguma falha, algum modo de burlar este bloqueador, por favor não comente, guarde-o para você e busque um outro bloqueador.

O Procon Latte tem sido meu guardião nesses tempos longe do vício. Ele analisa palavra a palavra do site que será carregado, tanto no endereço url quanto no conteúdo do site. Mostrarei como eu o configuro.

Baixo o Firefox no computador (em tablet acho que não funciona) e desinstalo todos os outros navegadores. Deixo-o como meu único navegador.

Pode-se argumentar que é possível burlar esse esquema simplesmente baixando outro navegador. Ocorre que o tempo necessário para se procurar e se baixar outro navegador é um grande desestímulo. Tendemos a procurar o caminho mais rápido para o prazer, e este caminho mais rápido será o já instalado Firefox, que estará bloqueado pelo Procon Latte. Até você pensar em baixar outro navegador, será o tempo suficiente para você sair do pc, sair daquele ambiente, sair de casa se possível e evitar uma recaída.

O fato é que esse método de ter apenas um navegador e bem bloqueado, embora pareça falho, é eficiente. Tem sido eficiente para mim e certamente será para você. Não perderia tempo escrevendo esse tutorial se não valesse a pena.

Vamos às configurações:

Já no Firefox, abro o Menu, clico em Extensões e procuro por Procon Latte. Instalo-o.

Vamos às configurações, sendo as 3 primeiras abas (general, blacklist e whitelist) as principais para o bom funcionamento do bloqueador:

Na aba General, deixe todas as opções selecionadas.


Na aba Blacklist, temos as seguintes configurações:

A sub-aba Blocked Sites: é aqui que você colocará as palavras ou endereços de sites que geralmente te levam a uma recaída.

Por exemplo: www.facebook.com, images.google.com


Aqui temos a sub-aba Blocked Words, que conterá palavras-chave e expressões que geralmente te levam à recaída.

Você pode usar "aspas" para delimitar o que você deseja bloquear. Por exemplo: em vez de mulheres peladas, pôr "mulheres peladas" na lista. Assim, só será bloqueado o site que contiver exatamente esta expressão. Usar aspas delimita. Vai de você saber quando isso se faz necessário, quando isso atrapalha (afinal, o intuito é que o bloqueador impeça acesso somente a conteúdo pornográfico, e não a sites comuns).

 Sub-aba Advanced.

Aqui são as decisões que o app tomará quando encontrar alguma palavra ou expressão a ser bloqueada. Na configuração abaixo, ele somente renderiza (exibe) o site depois de examinar seu conteúdo. Além disso, examina as metatags dos sites e, caso encontre algum termo a ser bloqueado, redireciona automaticamente para o site www.vicioempornografiacomoparar.com (você escolhe um site de sua preferência, desde que obviamente tenha certeza de que nesse site não haja conteúdo pornográfico).

Caso o aplicativo esteja bloqueando sites não-pornográficos, você deve desativar temporariamente a opção Redirect e ativar a opção Explain why. Assim, o Procon Latte exibirá uma notificação do porquê está bloqueando aqueles sites. Se for possível corrigir na Blacklist, você retorna às configurações como exibidas abaixo, após a correção.


Aba Whitelist.

Aqui estarão todos os sites permitidos, sites que você tem certeza que nunca encontrará conteúdo pornográfico ou erótico. Devem constar aqui os fóruns sobre o vício em pornografia, sites como Yourbrainonporn, sites de contadores de dias.

Lembre-se: tudo que está na Whitelist o Procon não bloqueia! Então se você puser, por exemplo, o Youtube nela, o app não bloqueará os vídeos do youtube que contém conteúdo erótico. A Whitelist anula a Blacklist. Então ponha nessa lista somente o estritamente necessário. Perceba que nem meu email eu coloco na Whitelist.

Aba Profanity List:

Aqui estão as palavras que não serão exibidas, palavras que serão censuradas pelo bloqueador. Ele substitui essas palavras por outros caracteres.

 Aba Subscriptions:

Aqui podem conter várias listas de sites a serem bloqueados. A lista padrão, mostrada abaixo, é atualizada a cada 72 horas.


Após configurar o Procon e testar sua eficácia, vá no botão inferior Settings e exporte suas configurações. Assim, caso você precise configurá-lo em outro computador, bastará importar as configurações já feitas. Salve-as em seu email, com a data (pois conforme você for aprimorando seu bloqueador, convém exportar e salvar no email as configurações mais atuais).

Por fim, o último passo é colocar uma senha longa e aleatória, da qual você não se lembre. Procure no google pelo gerador de senhas online da Norton Antivírus. Gerada a senha, anote-a e envie a pelo menos 2 amigos de confiança (de preferência que estejam tentando reboot também).

O Procon não reseta a senha nem se você reinstalar o navegador (o que mostra como ele é bom). Assim, peça para seus amigos não perderem essa senha! Guardá-la no email deles, em local seguro. Até porque você não terá acesso a essa senha. Configurado o bloqueador e com a senha guardada pelos amigos, você destruirá a sua própria anotação dela. Seu único modo de ter acesso a seu bloqueador será pedindo para um de seus amigos. É uma proteção de você contra você mesmo.

Eventualmente você vai ter de ir calibrando este bloqueador. Colocar novas palavras na Blacklist e às vezes restringir palavras ou expressões muito abrangentes que levam o Procon a bloquear sites não-pornográficos. Mesmo assim, saiba: não existe bloqueador perfeito. Mesmo após bastante tempo de uso, de vez em quando o Procon bloqueia algum site não-pornográfico que eu gostaria de ver. É o custo de se ver livre da pornografia. O mais importante é que ele funciona!

No geral, ele é uma ferramenta essencial para mim. Já me salvou inúmeras vezes nesses 288 dias que estou limpo. Certamente foi o melhor bloqueador que experimentei até hoje.

sábado, 3 de outubro de 2015

2 anos lutando contra o vício: mais de 1 ano de vida plena

Neste mês de outubro de 2015 me lembro que no dia 24/10/2013, há dois anos portanto, eu tentava meu primeiro reboot. Meio sem convicção, acreditando apenas porque não sabia mais o que tentar para descobrir o que eu tinha. Mesmo lendo no YourBrainOnPorn que eu tinha todos os sintomas do vício em pornografia, era difícil acreditar que algo tão "inocente" como a masturbação e a pornografia estariam drenando minha vida para o ralo.

Passadas as primeiras semanas eu percebi: era viciado mesmo, não conseguia parar e não sabia se um dia conseguiria.

Levei uns 6 meses para engatar o primeiro reboot, no qual fiquei limpo por algo em torno de 4 meses. Após uma recair, levei mais 6 meses até engatar um novo reboot bem sucedido - o atual - no qual estou há 280 dias limpo. Mais de 9 meses de verdadeira VIDA. Portanto, nesses dois anos tentando deixar o vício, vivi mais de 1 ano em plenitude, graças a Deus.

Desde meu primeiro reboot passei por enormes mudanças pessoais. Posso dizer que hoje entendo o significado da palavra subjetividade, pois enfim tenho uma. Antes, enquanto era viciado, eu praticamente não tinha vida pessoal. Amizades próximas comentavam: "Estudamos juntos e eu não sei nada sobre você". Era minha "vida secreta", paupérrima. Eu também vivia em guerra, com uma ansiedade extrema e cheio de certezas. Livre do vício vi as certezas burras que eu tinha se transformarem em dúvidas elaboradas. A vida ganhou nuances e cores, saído do mundo perverso dos 50 tons de escuridão com o qual nossa cultura atual gosta de flertar. Em suma, hoje sou uma pessoa, antes eu era uma caricatura de mim mesmo.

Percebi nesse tempo o quanto a falta de limites nos destrói - enquanto indivíduos e também como sociedade - e o quanto nossa cultura de derrubada de todos os limites é destrutiva. Passei a ver a importância de tudo aquilo que nossa era dos vícios pretende banir do mundo: a religião, as tradições e o passado. Até porque vivemos a primeira civilização humana onde, para a roda econômica se manter girando, é preciso viciar as pessoas, em nome do lucro (a pornografia, apenas uma das infindáveis mercadorias viciantes nos oferecida ilimitadamente todos os dias, é um dos ramos mais lucrativos do capitalismo atual... e quanto mais viciados, mais lucro. Ora, mas o que é vendido no site pornô? Você!).

Durante esse tempo eu também pude me envolver com uma pessoa. Percebi o quanto isso é enriquecedor, ter alguém às vezes só pra conversar, para assistir um seriado. Para quem não tinha vida pessoal, é uma verdadeira descoberta. Meu número de amizades só fez aumentar nesse tempo todo.

Enfim, não há uma só esfera de minha vida que não tenha melhorado! Realmente é muito bom estar longe de pornografia e masturbação. A vida dá um salto, um estágio muito superior e por pior que esteja, estará sempre melhor que a vida de alguém imerso no vício.


sexta-feira, 8 de maio de 2015

Um manual da vida boa

Aos mais de 130 dias longe de pornografia, tenho estado no melhor momento de minha vida. Não estou eufórico e sinto um bem-estar sereno e constante.

Gostaria de colocar um assunto que considero importante.

Um dos diferenciais que julgo estar contribuindo para uma caminhada mais serena nesse segundo reboot é a minha retomada de uma vida espiritual. Voltei a ter contato com religião (sou católico) e isso tem me feito muito bem. Saiu o vício, entrou Deus em minha vida.

Nossa vida de viciados era caracterizada pelo desregramento (o que aliás é o símbolo do capitalismo de hoje: a vida desregrada, desregulamentações de mercados, o laissez-faire aplicado a todas as esferas da vida). A religião oferece regras, regras para uma vida boa. Os Dez Mandamentos, para quem é cristão, são um manual da vida boa. Aliás, para quem não é cristão também: duvido que alguém, devoto ou não, degrade sua vida seguindo este "manual". A ideia dos Pecados Capitais, aqueles que são os mais devastadores para a pessoa e para a convivência social. Ou seja, você crendo ou não, há muita sabedoria na religião e não é por acaso que resistiu a milênios. E num mundo onde é fácil se enforcar na corda da liberdade, a religião é uma lanterna para quem está no fundo do rio afogado.

Não estou aqui fazendo proselitismo, apenas explicando meu caso, o que pode ajudar algumas pessoas. A religião é algo íntimo, que a pessoa por si própria vai sentir necessidade de buscar a certa altura da vida. Quando eu era adolescente isso não fazia nenhum sentido pra mim. Hoje o faz totalmente. E não precisou ninguém me convencer. Eu sozinho senti a necessidade.

O fato é que o vício ocupa um lugar de um falso-deus em nossa vida. É ele que dá conforto nos momentos difíceis, embora cobre o preço de te escravizar. Então, sair do vício é trocar o falso-deus por Deus, que dá conforto nos momentos difíceis sem, no entanto, nos escravizar como o vício o faz.

Para mim a religião não é um elemento de culpa, mas libertador. Encontro ali conforto e não repreensões. Uma mão amiga e não um dedo apontando para minha conduta. Sem falar que a Igreja é um dos poucos lugares - nessa sociedade tomada pela perversão do lucro e a perversão da pornografia - onde sei que irei ouvir discursos que visam ao bem-comum.

Quando eu penso que posso recair, a Igreja e Deus me ajudam a ter forças. Quando percebo que meu reboot está saindo do eixo, não lembro só dos conhecimentos neurocientíficos, mas analiso minha vida sob a ótica dos Dez Mandamentos. A mim, tem-me sido de grande ajuda. Como eu disse, ali há um manual da vida boa (mesmo para quem não crê), um eficiente manual de como tirar o melhor de si e não se perder.

Sobre a importância de uma vida espiritual para quem quer abandonar o vício, reveja: http://vivasempornografia.blogspot.com.br/2014/08/esta-psicologa-fez-uma-serie-de-videos.html

domingo, 26 de abril de 2015

Vida com pornografia, Vida sem pornografia

Com base na minha experiência de estar há 120 dias sem pornografia e masturbação, fiz a tabela abaixo. Vejamos o que vale mais a pena: uma vida com ou sem pornografia:

Com PornografiaSem Pornografia
Impotência, disfunção erétilCapacidade de fazer sexo
Ejaculação retardada (demora enorme ou incapacidade de gozar)Capacidade de ter orgasmo com sexo
3 segundos de prazer seguidos de uma sensação de vazioRessensibilização: prazer em sentir novos cheiros, novos gostos, prazer de tocar a pele da companheira, de beijá-la, retorno do prazer sexual
Sua vida está paralisada sempre no dia zero, sempre no mínimoA vida anda pra frente!
Incapacidade de se concentrar; perda de massa cinzenta do cérebroEnorme concentração
Ansiedade brutalSem ansiedade, melhorias enormes na sua capacidade de se expressar
Vida dupla, sempre algo a esconderVida plena
Procrastinação, dias e dias perdendo a vida trancado num quarto, incapacidade de realizar projetosAproveita-se a vida intensamente, novas experiências, projetos realizados
Irritabilidade, vida cinza, sem amigosBem-estar, vida cheia de cores (como voltar à adolescência!), retorno dos amigos
Pele feia, sensação de que se é sujo e barra pesadaPele bonita, sensação de honestidade, de que se é limpo
Relacionamentos falidosRelacionamentos saudáveis
Incapacidade de amar, a vida fica sempre para o amanhãCapacidade de amar, a vida é hoje! Agora!

  
"Se eu desistir agora, logo estarei aonde eu comecei... ...E quando eu comecei, estava desesperado para chegar aonde estou agora."

sábado, 7 de março de 2015

Reboot, Recaída e Reboot: da escuridão à luz novamente.

Quero aqui relatar como foi meu primeiro reboot e como está sendo este segundo.

Entendi que o que me destruía a vida era a masturbação e a pornografia em novembro de 2013. Depois de ter tentado tudo, de Viagra a puteiros perigosíssimos, depois de correr por becos escuros como um viciado atrás de uma dosezinha qualquer de prazer, eu percebi: não tem mais nada pra tentar, só pode ser a masturbação e a pornografia que estão me afundando!

No Carnaval de 2014 conheci o fórum www.apoio.forumais.com, e tal possibilidade de apoio em língua portuguesa e o consequente entusiasmo me fez engatar uma sequência bem sucedida sem PMO, baseada numa disciplina diária anti-recaída (a qual postei aqui no blog).

Fiquei 109 dias sem PMO, em modo hard. Um celibato pleno. Nem bloqueadores eu usava, tamanha era minha convicção em me livrar daquilo de vez (mais tarde eu veria que isso é um erro). Quando fiz sexo após esse reboot foi algo incrível e posso dizer que perdi minha virgindade aos 28 anos, pois só ali descobri o quanto o sexo é incrível. Embora eu já tivesse feito sexo antes, não sentia prazer. Primeiro não conseguia gozar (ejaculação retartada), depois não conseguia ereção. Ambos sintomas de um vício em pornografia, que eu desconhecia. Então, aos 28 passei a desfrutar das maravilhas do sexo.

Porém, fui de um extremo a outro. Eu não tinha uma parceira fixa. A pessoa com quem transei após os 109 dias foi um sexo casual. Assim, do celibato, passei a procurar por parceiras para sexo de modo muito intenso. Eu desconhecia que após um sexo vem o efeito caçador, então pensava em arrumar sexo boa durante parte da semana, comportamento muito parecido com o próprio vício em pornografia. Aliás, eu era o primeiro membro do fórum a estar completando o reboot e portanto havia muitas dúvidas: "E após os 90 dias? Como fica?".

Ao mesmo tempo, do celibato eu passei a perceber minha capacidade de me aproximar de mulheres, e de mulheres muito bonitas. Passei até a ser xavecado por algumas. Novamente, de um extremo a outro: da total reclusão sexual a um cenário em que a soberba passou a me subir a cabeça. Passei a me sentir um super-homem, chovendo mulher pra mim (mas nada que eu engatasse um namoro...). Eu subi, subi, subi... e como numa montanha russa... quando começaram a vir os "nãos" da vida e das mulheres (a dificuldade de lidar com as frustrações), eu caí - mostrando que tudo que sobe sem consistência cai mesmo.

Antes disso, eu estava me achando livre do vício, irrecaível, porque passei dos 90 dias sem PMO. Então relaxei minha disciplina anti-recaída, entre elas o fato de ter voltado ao facebook, que é um mar de gatilhos e uma academia onde se malha o narcisismo.

Olho esse meu primeiro reboot com a seguinte analogia: imagine um carro de fórmula 1 que, após 109 dias pisando no acelerador no máximo (acumulando energias) e ao mesmo tempo no freio (celibato), de repente esse carro sai em disparada a uma velocidade muito alta, muito difícil de controlar. O ideal é que esse carro esteja num circuito próprio (ou seja, que você faça sexo regularmente, de preferência com a mesma mulher, canalizando sem riscos essa potência enorme que você de repente descobre ter). Ocorre que eu era um carro de fórmula 1 andando nas ruas comuns, sem um contato estável com uma mulher com quem eu pudesse canalizar minha energia sexual e não ficar nos altos e baixos emocionais da vida de solteiro. Como potência não é nada sem controle, então não demorou para eu colidir com um poste.

Se não ficou claro, talvez o relato de meu segundo reboot e suas diferenças para com o primeiro esclareçam as coisas.

Nesse segundo reboot muitas coisas foram diferentes. A começar que instalei bloqueadores nos meus computadores. Aprendi que é muito fácil ficar limpo quando se está bem, entusiasmado; o problema é que quando vem a queda é preciso ter um bloqueador que te livre de você mesmo e te impeça de recair em pornografia (que é mais grave que masturbação, embora esta também seja grave).

Em segundo lugar, eu estava com muitas dificuldades. Mesmo fazendo uma disciplina anti-recaída é muito mais difícil fazer um reboot pela segunda vez.
O vício volta mais forte após uma recaída pós-reboot. Esse foi um segundo aprendizado. E só consegui engatar uma sequência bem sucedida sem PMO após fazer uma viagem de quase 30 dias para o exterior, o que me colocou em ambientes onde eu nem lembrava de vício, contador, fóruns ou fantasias. Assim, consegui passar da barreira das 3 semanas, quando a compulsão é mais forte, e engatar minha atual sequência de reboot - a qual será a última, pois tenho ciência de que se recair de novo é provável que eu nunca mais consiga me levantar, pois quando se faz o reboot e se recai, fica cada vez mais difícil. Eu levei 6 meses para me levantar após minha recaída, 6 meses de inferno: me sentindo fraco, sujo, desleixado, sem concentração, sem rumo na vida, escravo da masturbação e de fantasias, incapaz de me relacionar com uma mulher, me sentindo impotente sobretudo em relação ao vício. Metade de um ano perdido, e sempre com aquele arrependimento de estar vivendo sempre no "dia 0" do contador novamente. Isso somado aos três meses de reboot, perde-se praticamente um ano inteiro para se recuperar de uma recaída.

Uma terceira diferença: já desde o dia 39 eu passei a me envolver com uma mulher e fazer sexo. Isso tem me ajudado muito! Não é um namoro, mas nos encontramos toda semana, e assim eu consigo canalizar minhas energias sexuais em algo estável, enquanto vou me recuperando dos danos que a pornografia e a masturbação me fizeram. Estou prestes a completar um mês saindo com essa mulher e minha vida nunca esteve tão boa, tão produtiva. Faço sexo em torno de uma vez por semana com ela, umas três transas, e isso me deixa tranquilo a semana inteira para que eu possa me concentrar em coisas produtivas. Uma mulher legal dá um up na vida de um homem. Uma mulher legal ajuda ainda mais um ex-viciado em pornografia.

Quarta diferença: a expectativa. Quando fiz reboot em modo hard, eu jogava tudo para o futuro. O futuro seria perfeito, pensava eu erroneamente. Criei uma expectativa muito grande, tão grande quanto a minha espera. Uma idealização do futuro, que se mostrou uma armadilha, trazendo as frustrações que me ajudaram a recair.

Agora, sinceramente, eu não estou nem aí para os 90 dias. Tanto faz se eu estou com 90 ou 360 dias sem PMO. A postura é a mesma: ficar limpo hoje, cuidar para eu me manter longe de P e M, até porque sei que se eu não me precaver quanto a P e M posso recair a qualquer altura do campeonato (mesmo com mais de anos sem P e M - seremos sempre viciados, embora com o vício em controle), e talvez nunca mais conseguir ficar limpo novamente se recair.

Digo que atualmente estou vivendo uma felicidade serena. Me sinto bem, muito bem, muito feliz mesmo! Mas não o super-homem de tempos atrás. Não quero ser o super-homem. Quero continuar como eu estou hoje! Quero que aos 400 dias sem P&M eu esteja como estou hoje. Vivendo bem. Portanto, não penso nos 90 dias. Eles são só uma data simbólica.

Tenho ciência de que o vício sempre vai tentar me passar a rasteira nos momentos de frustração, e por isso tenho tentado trabalhar minha capacidade de resiliência, de tomar um impacto e voltar ao normal. Aliás, o facebook está desativado. Enfim, eu não me acho mais irrecaível.

Hoje estou aos 67 dias sem MO e 70 sem P. Nos últimos 40 dias - quando os efeitos do reboot se fizeram presentes - eu tomei mais atitudes importantes (em relação ao trabalho, em relação a garotas que eu gostaria de me aproximar), fiz e criei mais coisas, fiz mais sexo (não tresloucadamente, mas estavelmente) do que nos últimos 10 anos da minha vida. Nunca minha vida esteve tão boa e ao mesmo tempo serena como agora. Humildemente espero cultivar isso, dia após dia.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Apenas 39 dias sem Pornografia e Masturbação e já consigo fazer sexo

Com apenas 39 dias sem P&M eu já consegui fazer sexo com uma mulher e percebo que minha DE (disfunção erétil) está se recuperando! Com tão pouco tempo de recuperação minhas ereções não foram 100%, mas o suficiente para eu transar 3 vezes =)

Eu estive viciado por mais de uma década (e pior: sem saber que o que me destruía a vida era a pornografia, não fazia idéia que eu era viciado...). Fiz o reboot em modo hard (sem sexo nem orgasmo) até os 109 dias e me mantive sem pornografia e masturbação por entre 4 e 5 meses. Recaí, cheguei a pensar que não conseguiria mais me livrar do vício, porém agora estou fazendo o reboot novamente. Na época eu não conhecia nenhum caso de pessoa que reinicializou duas vezes, mas agora vejo que é possível sair dessa pela segunda vez. Durante os 6 meses que fiquei afundado no vício após recair (não vale mesmo a pena recair, perdi metade do ano de 2014 tentando me levantar da recaída), durante esse tempo os fóruns sobre vício em pornografia foram crescendo e eu pude acompanhar outros casos de pessoas que fizeram o reboot e recairam. Eu não era o único caso.

É engraçado passar a sentir novamente coisas que eu já relatava meses atrás no fórum (www.apoio.forumais.com) quando fazia o reboot pela primeira vez: eu sinto como se tivesse voltado à adolescência haha Os cheiros que eu sinto (talvez devido à ressensibilização do cérebro) me lembram minha adolescência, o bem estar também. A vida é boa e bela, quem nos leva a beleza dela é a pornografia. Aliás, a sensação de estar literalmente limpo... nossa, pra quem já freqüentou os submundos atrás de uma dosezinha de prazer, é como se eu saísse dos escuros porões e pudesse viver sob a luz do sol.

Hoje eu estou com uma felicidade serena. E daqui pra frente quero observar como meu corpo se comportará, se haverá efeito caçador após o sexo, etc. Mas agora eu só quero desfrutar desse imenso prazer de estar vivo haha Dizem que sexo é vida, eles têm razão.